O livro é uma dura crítica da autora às práticas de renovação do espaço público da década de 1950 nos Estados Unidos

Neste 50º artigo do blog da plataforma Inteligência Urbana trazemos uma resenha de um livro da nossa bibliografia geral de referência, que possui títulos dos campos do planejamento urbano, engenharia legal e diagnóstica, economia, tecnologia, dentre outros.

Apresentamos aqui o livro Morte e Vida de Grandes Cidades, de autoria da escritora e ativista política Jane Jacobs, e que talvez seja a obra mais influente da história do urbanismo.

Morte e Vida de Grandes Cidades é uma dura crítica da autora às práticas de renovação do espaço público da década de 1950 nos Estados Unidos da América. Jacobs escreve sobre o que torna as ruas seguras ou inseguras, sobre o que vem a ser um bairro e os motivos que fazem um bairro permanecer pobre enquanto outros se revitalizam, sobre os perigos do excesso de dinheiro para a construção e os perigos da escassez de diversidade, fornecendo uma base para avaliar a vitalidade das cidades.

Morte e Vida de Grandes Cidades [Resenha]

Sumário do artigo

Introdução

No livro Morte e Vida de Grandes Cidades Jane Jacobs escreve sobre o que torna as ruas seguras ou inseguras, sobre o que vem a ser um bairro e qual a sua função dentro do complexo organismo que é a cidade, sobre os motivos que fazem um bairro permanecer pobre e outros se revitalizarem. Jacobs explica o papel benéfico das casas funerárias e das janelas das moradias, os perigos do excesso de dinheiro para a construção e da escassez de diversidades, e acaba por fornecer uma base para se avaliar a vitalidade das cidades.

O livro é uma etnografia jornalística na qual a autora procurou identificar no quotidiano de grandes cidades norte-americanas as razões da violência, da sujeira e do abandono ou, ao contrário, a boa manutenção, a segurança e a qualidade de vida de lugares que constituíam a cena real das metrópoles, em simetria ao esquematismo dos modos de vida que os planejadores previam em seus modelos urbanos ideais. Morte e Vida de Grandes Cidades é, em primeiro lugar, uma dura crítica às práticas de renovação do espaço público da década de 1950 nos Estados Unidos da América. Nas palavras da própria Jane Jacobs, no primeiro parágrafo do livro:

“Este livro é um ataque aos fundamentos do planejamento e da reurbanização ora vigentes. É também, e principalmente, uma tentativa de introduzir novos princípios no planejamento urbano e na reurbanização, diferentes daqueles que hoje são ensinados em todos os lugares, de escola de arquitetura e urbanismo a suplementos dominicais e revistas femininas, e até mesmo conflitantes em relação a eles. Meu ataque não se baseia em tergiversações sobre métodos de reurbanização ou minúcias sobre modismos em projetos. Mais que isso, é uma ofensiva contra os princípios e os objetivos que moldaram o planejamento urbano e a reurbanização modernos e ortodoxos”

Este é um dos livros mais influentes da história do urbanismo. A obra atingiu em cheio a opinião pública e apoiou a construção de um senso comum crítico dos grandes projetos de renovação urbana e valorizador dos tecidos urbanos historicamente constituídos. Jacobs vem sendo cada vez mais citada, em geral para evocar aquilo que se considera positivo em uma cidade: ruas vivas, usos mistos, facha das ativas (CYMBALISTA, 1969).

Sobre a autora

Jane Jacobs nasceu em Scranton, Pensilvânia, nos Estados Unidos, em 4 de maio de 1916, e morreu em Toronto, Ontário, no Canadá, em 24 de abril de 2006. Filha de Bess Robison Butzner, ex-professora e enfermeira, e John Decker Butzner, médico.

Depois de se formar no ensino médio ela trabalhou por um ano como assistente não-remunerada da editora das páginas femininas na publicação Scranton Tribune.

Em 1935, durante a Grande Depressão, ela se mudou com sua irmã Betty para a cidade de Nova Iorque. Jacobs imediatamente tomou gosto por Greenwich Village, bairro de Manhattan que se diferencia por não seguir a grade estrutural da cidade e que é uma espécie de “personagem” do livro Morte e Vida de Grandes Cidades. Posteriormente as irmãs se mudariam para o Brooklyn.

Ao longo dos anos, tornou-se cada vez mais crítica da teoria e da prática do planejamento convencional, indicando que muitos dos projetos de reconstrução da cidade sobre os quais ela escrevia não eram seguros, interessantes, vivos ou economicamente sólidos. Suas observações desafiavam o estabelecimento dominante do planejamento modernista e valorizavam a sabedoria da observação empírica.

Durante a década de 1960, Jacobs se envolveu com o ativismo urbano em Nova York, liderando um movimento de oposição à construção de rodovias expressas defendida à época com a remoção de bairros inteiros. Seus esforços para parar a via expressa a levaram à prisão durante uma manifestação em 1968, e a campanha é frequentemente considerada um dos pontos de inflexão no desenvolvimento da cidade.

As duras críticas de Jacobs à “limpeza de bairros populares” e aos grandes projetos habitacionais também foram fundamentais para desacreditar essas práticas de planejamento outrora universalmente apoiadas.

Obras da autora:

  • The Death and Life of Great American Cities (Morte e Vida de Grandes Cidades)
  • The Economy of Cities (A Economia das Cidades)
  • The Question of Separatism: Quebec and the Struggle over Sovereignty
  • Cities and the Wealth of Nations (Cidades e a riqueza das nações)
  • Systems of Survival
  • The Nature of Economies (A natureza das economias)
  • Dark Age Ahead (Era sombria adiante)

Dados do livro

Dados do livro e da edição utilizada:

Título
Morte e Vida de Grandes Cidades.
Autor
JACOBS, Jane.
Idioma
Português.
Edição
3ª.
Editora
WMF Martins Fontes.
Data de publicação
6 de outubro de 2011.
Número de páginas
532.
ISBN
978-8578274214

Estrutura e conteúdo

O livro possui 22 capítulos organizados em 4 partes que tratam da Natureza das Cidades, das Condições para a diversidade urbana, das forças de decadência e de recuperação e, por fim, de “Táticas diferentes”.

  • 1. Introdução
  • Parte 1: A natureza peculiar das cidades
    • 2. Os usos das calçadas: segurança
    • 3. Os usos das calçadas: contato
    • 4. Os usos das calçadas: integrando as crianças
    • 5. Os usos dos parques de bairros
    • 6. Os usos dos bairros
  • Parte 2: Condições para a diversidade urbana
    • 7. Os geradores de diversidade
    • 8. A necessidade de usos principais combinados
    • 9. A necessidade de quadras curtas
    • 10. A necessidade de prédios antigos
    • 11. A necessidade de concentração
    • 12. Alguns mitos sobre a diversidade
  • Parte 3: Forças de decadência e de recuperação
    • 13. A autodestruição da diversidade
    • 14. A maldição das zonas de fronteira desertas
    • 15. Formação e recuperação de cortiços
    • 16. Capital convencional e capital especulativo
  • Parte 4: Táticas diferentes
    • 17. A subvenção de moradias
    • 18. Erosão das cidades ou redução dos automóveis
    • 19. Ordem visual: limitações e potencialidades
    • 20. Projetos de revitalização
    • 21. Unidades territoriais de gestão e planejamento
    • 22. O tipo de problema que é a cidade

Conclusão

Neste artigo apresentamos uma pequena resenha do livro Morte e Vida de Grandes Cidades, de Jane Jacobs.

Esta foi uma resenha de um livro da nossa bibliografia geral de referência, que possui títulos dos diferentes campos a respeitos dos quais tratamos aqui, com os quais trabalhamos e sobre os quais estudamos. Em textos subsequentes continuaremos com outras resenhas e análises de obras, intercalando-as com os outros tipos de artigo.

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Principais referências