Este artigo apresenta os requisitos da Norma de desempenho NBR 15.575 relativos ao desempenho térmico, acústico e lumínico

Este é o sexto artigo de nossa série sobre a NBR 15.575, a Norma de Desempenho para edificações residenciais, que tem o objetivo de assegurar que as obras de casas e apartamentos tenham critérios mínimos de qualidade e segurança. O dispositivo normativo divide a responsabilidade entre a indústria da construção, os profissionais de arquitetura e de engenharia e se estende até os moradores dos imóveis.

No primeiro artigo apresentamos um histórico sucinto, uma introdução conceitual da norma, sua estrutura e seus principais conceitos, princípios, requisitos e responsabilidades.

Nos artigos seguintes iniciamos um pequeno guia com os requisitos e as ações a serem tomadas com foco na atuação do projetista e do coordenador de projetos. Já apresentamos o conjunto a requisitos do usuário do grupo de segurança, com requisitos relativos à segurança estrutural, à segurança contra fogo e à segurança no uso e na operação, além dos requisitos relativos à estanqueidade à água e umidade do conjunto de requisitos do usuário do grupo de habitabilidade .

Neste texto prosseguimos com o pequeno guia e apresentamos os requisitos e ações relativos ao desempenho térmico, ao desempenho acústico e ao desempenho lumínico, do conjunto de requisitos do usuário do grupo de habitabilidade.

Nos textos subsequentes desta série apresentaremos os requisitos e as ações a serem tomadas por projetistas e coordenadores de projeto relativas a cada um dos demais conjuntos de requisitos do usuário do grupo de habitabilidade e, posteriormente, do grupo de sustentabilidade, de modo que o conjunto dos artigos se configurem como um pequeno manual de consulta da norma de desempenho.

Norma de desempenho NBR 15.575: Desempenho térmico, acústico e lumínico

Sumário do artigo

Introdução

A ABNT NBR 15.575 é uma Norma de desempenho e estabelece regras que tem o objetivo de garantir o conforto e a segurança de imóveis residenciais e, diferente da maioria das outras normas, que são normas prescritivas porque prescrevem as características constitutivas dos elementos objeto da norma, a norma de Desempenho determina as propriedades que os elementos da edificação devem desempenhar.

A NBR 15.575 apresenta o conceito de vida útil do projeto - VUP, define responsabilidades, impõe critérios e estabelece um nível mínimo de desempenho de uma edificação para seus principais elementos e sistemas e está dividida nas seguintes partes:

No primeiro artigo desta série apresentamos a estrutura da norma e seus principais conceitos, princípios, requisitos e responsabilidades. É importante que este artigo seja lido antes dos demais.

Nos artigos seguintes iniciamos um pequeno manual de consulta que aborda os requisitos e as ações a serem tomadas por projetistas e coordenadores de projeto relativas a cada um dos conjuntos de requisitos do usuário.

Neste texto damos prosseguimento a este manual de consulta e apresentamos os requisitos relativos ao desempenho térmico, ao desempenho acústico e ao desempenho lumínico da edificação e as ações a serem tomadas, com foco na atuação do projetista e do coordenador de projetos.

Requisitos dos usuários

Ao longo dos artigos desta série apresentamos os requisitos e as ações a serem tomadas de acordo com diferentes temas. Não tomamos por base as partes da divisão da norma ou as disciplinas envolvida mas, de forma transversal, seguimos os conjuntos de requisitos dos usuários, tendo em vista que a norma aborda o desempenho da edificação para o usuário.

Conforme os itens 4.2 a 4.4 da NBR 15.575-1 os requisitos dos usuários estão divididos nos grupos de segurança, sustentabilidade e habitabilidade e são os seguintes.

Cada artigo desta série aborda um ou mais destes conjuntos de requisitos. Assine nossa newsletter para ser avisado quando forem publicados novos artigos.

Fases do projeto

Para os fins deste pequeno guia consideramos as principais fases do projeto conforme descritas a seguir.

  • Estudo preliminar

    Etapa destinada à concepção e à representação do conjunto de informações técnicas iniciais e aproximadas, necessários à compreensão da configuração da edificação.

  • Anteprojeto

    Etapa destinada à concepção e à representação das informações técnicas provisórias de detalhamento da edificação e de seus elementos, instalações e componentes, necessários ao inter-relacionamento das atividades técnicas de projeto e suficientes à elaboração de estimativas aproximadas de custos e de prazos dos serviços de obras implicados.

  • Projeto básico

    Etapa destinada à concepção e à representação das informações técnicas da edificação e de seus elementos, instalações e componentes, ainda não completas ou definitivas, mas consideradas compatíveis com os projetos básicos das atividades técnicas necessárias e suficientes à contratação dos serviços de obras correspondentes.

  • Projeto Executivo

    Etapa destinada à concepão e à representação final das informações técnicas da edificação e de seus elementos, instalações e componentes, completas, definitivas, necessárias e suficientes à contratação e à execução dos serviços de obra correspondentes.

Para o atendimento de cada item de requisito abordado indicaremos a partir de qual fase do projeto o item deve ser verificado e monitorado.

Disciplinas envolvidas

Para os fins deste pequeno guia consideramos os seguintes conjuntos de disciplinas de projeto ou consultoria.

  • Arquitetura

    • Projeto de arquitetura;
    • Projeto de arquitetura de interiores;
    • Projeto de paisagismo;
  • Estrutura

    • Projeto estrutural;
  • Instalações

    • Projeto de instalações hidrossanitárias;
    • Projeto de instações elétricas e lógicas;
    • Projeto de ar condicionado;
  • Consultorias e projetos especializados

    Inclui todas as demais consultorias e projetos especializados que, conforme o caso, podem ser úteis para o atendimento à Norma de desempenho, tais como SPDA, contenções, comunicação visual, acústica, impermeabilização, combate a incêndio, dentre outros.

Para o atendimento de cada item de requisito abordado indicaremos quais conjuntos de disciplinas devem ser consideradas.

Requisitos de habitalibilidade

O intuito deste pequeno guia é constituir-se numa referência de consulta para arquitetos projetistas e coordenadores de projeto com relação à Norma de Desempenho, indicando o que pode ser atendido, o que necessita de aprofundamento e o que eventualmente pode requerer um consultor.

É importante mencionar que a própria Norma de Desempenho ABNT NBR 15.575 é de leitura obrigatória.

A NBR 15575 empenha-se em atender às exigências dos usuários ao longo dos anos, dando uma grande importância à habitabilidade. As exigências de habitabilidade são responsáveis por manter a satisfação do morador durante a utilização do imóvel. Elas estão presentes no dia a dia e no convívio entre proprietários e moradores em geral.


Requisitos de habitalibilidade: Desempenho térmico

O conforto térmico é muito importante no dia a dia dos usuários e moradores de um empreendimento e impacta diretamente na produtividade do indivíduo. Neste sentido, a NBR 15.575 tem como foco o desempenho das condições naturais de ventilação e temperatura da edificação, e leva em conta as características físicas e climáticas de onde a edificação se encontra, umidade do ar, ventilação, pé-direito, finalidade do imóvel, tendo em vista que com o correto desempenho térmico são reduzidos tanto os custos com energia elétrica quanto os impactos negativos no meio ambiente.


Adequação de paredes externas

Refere-se à transmitância térmica máxima e à capacidade térmica mínima das paredes externas da edificação.

Itens, fases e disciplinas

Os requisitos relativos à adequação de paredes externas são tratados no item 11.2 da NBR 15.575-4. Estes requisitos devem ser verificados e monitorados desde a fase de anteprojeto e envolvem disciplinas de arquitetura, estrutura, além de consultorias/projetos especializados.

Ações necessárias

  • Arquiteto / projetista

    • Realizar cálculos simplificados ou simulação computacional para basear as soluções de projeto para a zona bioclimática do empreendimento.
  • Coordenador de projeto

    • Recomendar a contratação de Consultoria que simule o Cálculo conforme a NBR 15.220-2.

Isolação térmica da cobertura

Refere-se à transmitância térmica máxima da cobertura da edificação.

Itens, fases e disciplinas

Os requisitos relativos à isolação térmica da cobertura são tratados no item 11.2 da NBR 15.575-5. Estes requisitos devem ser verificados e monitorados a partir da fase de anteprojeto e envolvem disciplinas de arquitetura, estrutura, além de consultorias/projetos especializados.

Ações necessárias

  • Arquiteto / projetista

    • Realizar cálculos simplificados ou simulação computacional para basear as soluções de projeto para a zona bioclimática do empreendimento.
  • Coordenador de projeto

    • Recomendar a contratação de Consultoria que simule o Cálculo conforme a NBR 15.220-2.

Aberturas para ventilação

Consiste em garantir áreas de aberturas mínimas para ventilação em ambientes de permanência prolongada (salas e dormitórios) conforme legislação ou valores da NBR 15.575-4.

Itens, fases e disciplinas

Os requisitos relativos a aberturas para ventilação são tratados no item 11.3 da NBR 15.575-4. Estes requisitos devem ser verificados e monitorados a partir da fase de estudo preliminar e envolvem a disciplina de arquitetura apenas.

Ações necessárias

  • Arquiteto / projetista

    • Indicar no projeto áreas de abertura para ventilação em relação à área de piso, considerando a área efetivamente sem obstrução, ou seja, descontando vidros e perfis.
  • Coordenador de projeto

    • Solicitar ao projetista:
      • Indicação, no projeto, da área de aberturas para ventilação em relação à área de piso.

Requisitos de habitalibilidade: Desempenho acústico

O conforto acústico, assim como o desempenho térmico, está diretamente ligado ao bem-estar e saúde do usuário, na medida em que um ambiente sem o desempenho acústico adequado pode causar dores de cabeça, estresse e doenças relacionadas ao sistema nervoso do usuário que frequenta diariamente a edificação. Para tratar estes problemas, que são mais comuns em áreas urbanas, a norma demanda a adequação de coberturas, entrepisos, paredes e fachadas para aumentar a eficiência do desempenho acústico.


Isolação acústica de paredes externas

Trata-se do desempenho acústico das vedações externas, conforme limites mínimos estabelecidos pela norma.

Itens, fases e disciplinas

Os requisitos relativos à isolação acústica de paredes externas são tratados no item 12.2.1 da NBR 15.575-1. Estes requisitos devem ser verificados e monitorados a partir da fase de estudo preliminar e envolvem disciplinas de arquitetura, além de consultorias/projetos especializados.

Ações necessárias

  • Arquiteto / projetista

    • Solicitar a medição de nível de ruído no local e no entorno imediato para orientar o enquadramento na classe de ruído, considerando que os sistemas devem prever atenuações conforme a tabela 17 da NBR 15.575-4 e a tabela 6 da NBR 15.575-5;
    • Especificar a realização de ensaios para liberar a execução.
  • Coordenador de projeto

    • Recomendar a contratação de Consultoria específica para garantir o atendimento à NBR 15.575;
    • Determinar a realização de ensaios conforme a norma ISO 140-5.

Isolação acústica entre ambientes

Refere-se à isolação ao ruído aéreo entre pisos e paredes internas da edificação.

Itens, fases e disciplinas

Os requisitos relativos à isolação acústica entre ambientes são tratados no item 12.3.1 da NBR 15.575-1. Estes requisitos devem ser verificados e monitorados a partir da fase de anteprojeto e envolvem disciplinas de arquitetura, além de consultorias/projetos especializados.

Ações necessárias

  • Arquiteto / projetista

    • Prever atenuações nos sistemas, conforme a norma;
    • Especificar a realização de ensaios para liberar a execução.
  • Coordenador de projeto

    • Recomendar a contratação de Consultoria específica para garantir o atendimento à NBR 15.575;
    • Determinar a realização de ensaios conforme a norma ISO 140-7.

Níveis de ruídos permitidos na habitação

Trata-se do ruído de impacto no sistema de pisos, do isolamento do ruído aéreo dos sistemas de pisos entre unidades habitacionais e do isolamento acústico da cobertura devido a sons aéreos, considerando o nível de pressão sonora de impacto padrão ponderado e a diferença padronizada de nível ponderada da vedação externa.

Itens, fases e disciplinas

Os requisitos relativos aos níveis de ruídos permitidos na habitação são tratados no item 12.3 da NBR 15.575-3, no item 12.3 da NBR 15.575-4 e no item 12.3 da NBR 15.575-5. Estes requisitos devem ser verificados e monitorados a partir da fase de anteprojeto e envolvem disciplinas de arquitetura, além de consultorias/projetos especializados.

Ações necessárias

  • Arquiteto / projetista

    • Prever os níveis de pressão nos sistemas, conforme a norma;
    • Especificar a realização de ensaios para liberar a execução.
  • Coordenador de projeto

    • Recomendar a contratação de Consultoria específica para garantir o atendimento à NBR 15.575;
    • Determinar a realização de ensaios conforme a norma ISO 140-7.

Níveis de ruídos de impacto em coberturas acessíveis de uso coletivo

Consiste no nível de ruído de impacto em coberturas acessíveis de uso coletivo, considerando o nível de pressão sonora de impacto padronizado ponderado.

Itens, fases e disciplinas

Os requisitos relativos aos níveis de ruídos de impacto em coberturas acessíveis de uso coletivo são tratados no item 12.4 da NBR 15.575-5. Estes requisitos devem ser verificados e monitorados a partir da fase de anteprojeto e envolvem disciplinas de arquitetura, além de consultorias/projetos especializados.

Ações necessárias

  • Arquiteto / projetista

    • Prever os níveis de pressão nos sistemas, conforme a norma;
    • Especificar a realização de ensaios para liberar a execução.
  • Coordenador de projeto

    • Recomendar a contratação de Consultoria específica para garantir o atendimento à NBR 15.575;
    • Determinar a realização de ensaios conforme a norma ISO 140-7.

Requisitos de habitalibilidade: Desempenho lumínico

A NBR 15.575, no que se refere a desempenho de iluminação, engloba exigências da norma de iluminação artificial e da norma de iluminação natural que tem o intuito de medir o desempenho lumínico dentro das diversas tipologias de edificações.


Iluminação natural

Consiste na simulação de níveis mínimos de iluminância natural, contando unicamente com iluminação natural, e considerando os níveis gerais de iluminância nas diferentes dependências das construções habitacionais; e na medição in loco do fator de luz diurna nas diferentes dependências da edificação.

Itens, fases e disciplinas

Os requisitos relativos à iluminação natural são tratados nos itens 13.2.1 e 13.2.3 da NBR 15.575-1. Estes requisitos devem ser verificados e monitorados desde a fase de estudo preliminar e envolvem disciplinas de arquitetura, além de consultorias/projetos especializados.

Ações necessárias

  • Coordenador de projeto

    • Recomendar a contratação de Consultoria específica para garantir o atendimento à NBR 15.575;
    • Determinar a realização de ensaios de simulação conforme a tabela 4 da NBR 15.575-1 e de medição conforme a tabela 5 da NBR 15.575-1.

Iluminação artificial

Refere-se aos níveis mínimos de iluminação artificial, considerando os níveis gerais de iluminação promovidos nas diferentes dependências dos edifícios habitacionais.

Itens, fases e disciplinas

Os requisitos relativos à iluminação artificial são tratados no item 13.3.1 da NBR 15.575-1. Estes requisitos devem ser verificados e monitorados desde a fase de estudo preliminar e envolvem disciplinas de arquitetura, instalações, além de consultorias/projetos especializados.

Ações necessárias

  • Coordenador de projeto

    • Recomendar a contratação de Consultoria específica para garantir o atendimento à NBR ISO CIE 8995-1;
    • Determinar a realização de ensaios conforme o anexo B da NBR 15.575-1.

Conclusão

Neste artigo tratamos da NBR 15.575, a Norma de Desempenho para edificações habitacionais. Prosseguimos com a construção de um pequeno guia da norma e apresentamos os requisitos relativos ao desempenho térmico, ao desempenho acústico e ao desempenho lumínico da edificação e as ações a serem tomadas, com foco na atuação do projetista e do coordenador de projetos, prosseguindo o conjunto de requisitos do usuário do grupo de habitabilidade.

Nos textos subsequentes desta série apresentaremos as requisitos e as ações a serem tomadas por projetistas e coordenadores de projeto relativas a cada um dos demais conjuntos de requisitos do usuário do grupo de habitabilidade e, posterioremente, do grupo de sustentabilidade, no intuito de que o conjunto dos artigos se configurem como um pequeno manual de consulta da norma de desempenho.

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Principais referências